Finalmente... Os 30 melhores momentos do cinema em 2023
E sete da TV (das poucas séries que vi, claro)
Antes de começar a lista de melhores de 2023: você sabia que o valor para assinar e ajudar a Gazeta de Cinema mudou? Agora ela está um precinho acessível, em real e que vai ajudar para que eu possa continuar escrevendo. Se puder dar aquela força, claro, veja aí abaixo. Se não puder, ajuda compartilhando com os amigos?
Há algum tempo eu comecei a pensar nas listas de melhores do ano. Faço a minha lá no Cinemou desde que começamos o projeto (assiste lá!). Entretanto, para escrever, sempre procuro encontrar os melhores momentos do cinema no ano. Aquela cena ou trecho do filme que faz valer a pena, mas que nem sempre é do melhor filme do ano.
E 2023 foi um ano de grandes momentos! Tantos, que iniciei essa lista pensando em escolher vinte e três e acabei passando para TRINTA!
Para começar, separei sete momentos das poucas séries de TV que vi no ano passado.
Lembrando: não é uma ordem de preferência ou ranking. Além disso, sempre que consegui, coloquei o momento/cena depois. Se não estiver disponível, vai o trailer mesmo.
Ah, claro: cuidado com Spoilers!
TV
The Bear – Jantar de Natal
“Peixes”, o episódio de uma hora de The Bear, com um flashback que mostra o jantar de Natal na conturbada família de Carmy é um dos grandes momentos da TV americana. A direção traz para a casa dos Berzatto a tensão e correria do restaurante, amarrando tramas e traumas que levaram o chef protagonista da série até ali. Os convidados Jamie Lee Curtis, Bob Odenkirk, Sarah Paulson, John Mulaney, além do elenco fixo, dão um show.
The Bear – Richie controlando a cozinha
A segunda temporada de The Bear começa com Richie questionando seu papel no restaurante e na família de Carmy. Ao longo dos episódios, a jornada dele vai se aprofundando e tem o ápice em “Garfos”, todo focado no personagem – e com a participação da incrível Olivia Colman. Toda essa preparação leva ao episódio final em que, no meio do caos da reabertura do The Beef, agora The Bear, é Richie quem passa a controlar a cozinha. O que acontece após esse momento só fecha um ciclo perfeito para um personagem que já vinha sendo bem construído desde a temporada passada.
The Last of Us – Morangos
Te falar que eu estava animado para ver The Last of Us. Não que eu seja fã do jogo. Na verdade, nunca joguei. Mas acho a história interessante e tudo que ouvi sobre o tema do jogo despertava curiosidade. Estava achando bacana acompanhar a história de Joe e Ellie, mas nada além do normal. Foi aí que o terceiro episódio bateu de frente com uma história paralela aos protagonistas, mas importante para eles no fim das contas, mostrando o arco de amor de Bill e Frank. The Last of Us tem então o seu grande momento, daqueles que as melhores obras de ficção-científica/distopia também abordam: a humanidade vivendo o cotidiano desse novo mundo. Incrível.
Treta – Invasão da Mansão
Uma das melhores surpresas do ano foi a minissérie da Netflix com Ali Wong e Steve Yeun. Em 10 episódios vemos uma briga de trânsito escalonar para uma sequência de crimes e situações socialmente perversas. A dupla de protagonistas dá um show e é auxiliada por um excelente time de coadjuvantes. Na reta final, praticamente todo o elenco principal se encontra em uma situação tensa que chega ao ponto de ter a porta de um quarto do pânico esmagando uma perna!
Loki – Glorious Purpose
O episódio final da segunda temporada de Loki é uma das melhores coisas que a Marvel fez em todo o MCU. Se pensarmos no Disney+, acho que só perde para os primeiros episódios de WandaVision. O segundo ano chegou ao fim entregando algo que Loki sempre buscou desde o primeiro Thor: um propósito. Um personagem que já mandou multidões ajoelharem aos seus pés, que contava histórias mentirosas de suas glórias e que gostava de ser o centro das atenções, acaba solitário, sentado controlando as linhas do tempo, em uma posição que pouquíssimos seres do multiverso têm noção que exista. Perfeito.
Cangaço Novo – Último episódio
A história dos irmãos Vaqueiro encheu as redes sociais de reviews e comentários entusiasmados. Dinorá (a fantástica Alice Carvalho) entrou para o panteão de personagens da cultura Pop brasileira com uma velocidade, infelizmente, inversamente proporcional a do Prime Video para confirmar a segunda temporada da série dirigida por Aly Muritiba e Fábio Mendonça. O finale do primeiro ano traz todo o refinamento técnico da série, junto com seus temas e uma cena final que deixou todo mundo na ponta da cadeira esperando o segundo ano. Alô, Jeff Bezos! Acorda, filho!
Wandinha – A dancinha do ano
Num mundo dominado pelas trends e virais, a maior delas, no último ano, saiu da produção da Netflix estrelada por Jenna Ortega. A dança da Wandinha foi imitada por anônimos, famosos, crianças e idosos. A série foi um sucesso gigante, já garantiu o segundo ano e, claro, um cachê gordo para Ortega nos seus próximos projetos.
Cinema
Polite Society – Dança no Casamento
Polite Society (ou Belas e Recatadas, em português) foi uma das grandes surpresas do ano. Uma história simples, de uma jovem, filha de imigrantes paquistaneses, que tenta salvar o futuro da irmã de um casamento arranjado. Pop e cheio de inventividade, o filme é o que Miss Marvel deveria ter sido.
Beau tem Medo – Pânico, ansiedade e os primeiros 30 minutos
Beau tem Medo será o filme mais caro lançado pela A24 até a chegada de Guerra Civil, de Alex Garland. Ari Áster teve uma maleta gorda de dinheiro para contar a história de um homem cheio de traumas e sua jornada para enfrentá-los (ou seria apanhar ainda mais deles?). O diretor acerta na loucura que Beau passa durante todo o primeiro ato do filme e a insanidade do mundo (ou da mente dele?) ao redor do apartamento onde mora. Já as outras quase duas horas e meia...
Nosso Sonho – Frango a Passarinho
A nostalgia tomou conta do cinema nacional com a carismática história da dupla Claudinho e Buchecha, nesse sucesso de público. E não é por menos. Os dois sempre foram amados por crianças e adultos, batiam ponto todo fim de semanas nos maiores programas de auditório do país e lançavam um sucesso atrás do outro. O filme consegue replicar bem esse lado “querido” dos dois e tem em Lucas Penteado o seu maior acerto. A cena dos dois vendendo a ideia da música Nosso Sonho para a gravadora e depois esperando a ligação em um orelhão é perfeita para resumir o clima gostoso de revisitar esse momento do funk carioca. Valeu, meus faixa!
Wonka – A chegada de Willy
Não dá para negar que Wonka foi uma das grandes surpresas que o final de 2023 nos reservou. O prequel de A Fantástica Fábrica de Chocolate, dirigido por Paul King, foi um sucesso de público e crítica. E não é para menos. Timothée Chalamet arrebenta como Willy Wonka e o musical traz todas as qualidades dos dois filmes de King com o ursinho Paddington. A abertura sintetiza bem o filme: doce, delicado e divertidíssimo. Ah, sim, poderia colocar todas as cenas de Hugh Grant como um Oompa Loompa, mas vou guardar para quando vocês assistirem.
Crescendo Juntas – Abraço final
Poucos filmes “menores” foram tão falados ao longo de 2023 quanto Crescendo Juntas (ou Are You There God? It’s me, Margaret.). A história da jovem Margaret e sua saga após mudar para o subúrbio de Nova Iorque é o clássico coming of age, mas tem na jovem Abby Ryder Fortson, de Homem-Formiga, seu grande trunfo. Junta-se a ela um roteiro inteligente e um elenco com Kathy Bates, Benny Safdie e uma excelente Rachel McAdams e temos um dos filmes mais fofos do ano. A conversa e o abraço entre Margaret e a mãe no final, quando a jovem tem sua primeira menstruação, é de encher os olhos.
The Passenger – Conhecendo Benson
Uma das maiores surpresas do ano veio desse filme que poucos ouviram falar. Uma mistura de Encurralado com The Rover, acompanhamos o protagonista Bradley que é obrigado a perambular de carro com um companheiro de trabalho, Benson, depois que ele pratica uma série de assassinatos. Tenso e com uma atuação soberba de Kyle Gallner, The Passenger é um filme que merece ser descoberto. E o momento que conhecemos Benson já dá o tom do que esperar.
Vidas Passadas – Esperando o Uber
Celine Song conquistou (e despedaçou) o coração de todos nós em 2023. Vidas Passadas é um dos filmes mais bonitos e sinceros que passaram pelas telas do cinema. A história do reencontro entre Nora e Hae Sung é cheia de belos momentos que juntam o ótimo texto de Song e a cinematografia de Shabier Kirchner, mas nenhum é tão potente quanto a despedida dos dois, com um plano longo e silêncios que dizem muito.
Os Rejeitados – Cerejas
A nova parceria de Paul Giamatti e Alexander Payne gerou um clássico de natal instantâneo, e que tem crescido muito com o público na temporada pré-premiações, ao contar a história de um professor, um aluno e uma cozinheira-chefe que ficam presos na escola durante as festas de fim de ano. O momento em que os três tentam pedir uma sobremesa mostra de forma simples essa aliança improvável e totalmente incrível de se acompanhar.
A Morte do Demônio: A Ascensão – Abertura
Menos violento que o Evil Dead feito por Fede Alvarez, mas não menos sanguinolento, A Ascensão é um filme menor, praticamente fechado em um apartamento e um corredor, mas que não deixa de ser inventivo e trabalhar bem seus protagonistas. A cena do ralador de queijo já é icônica, mas é com a abertura e o nome do filme aparecendo preenchendo toda a tela, que ficamos com a sensação de que aquele mal que está por vir, pode fazer (e faz!) jus ao título da série.
Feriado Sangrento – Black Friday
Eli Roth não é daqueles diretores que a gente lembra pelo “talento”. Sempre nos referimos como “o cara que fez O Albergue” ou “o cara do taco de beisebol de Bastardos Inglórios”. Mas em Feriado Sangrento ele faz o seu melhor filme, com uma mistura de Pânico e as mortes de Premonição, contando a história de adolescentes de uma cidadezinha, que são perseguidos por um assassino após participarem de um Saldão de Black Friday que terminou em massacre. Uma cena do final poderia fazer parte desta lista, mas não sei se você está lendo isso antes ou depois do almoço/janta.
Pânico 6 – Metrô no Halloween
Eu nunca fui o maior fã da série Pânico, tirando o primeiro, mas admito que o quinto filme me chamou atenção. O sexto (e depois das últimas polêmicas da produtora com o elenco, sabe-se lá se é o último) consegue superar o antecessor, tirando os jovens de Woodsboro e os levando para Nova Iorque. A mudança reflete diretamente no assassino Ghostface e na violência que ele distribui. O momento em que o grupo tenta fugir pelo metrô e o vagão começa a encher de pessoas vestidas de outros personagens clássicos de filmes de terror é fantástico.
Guardiões da Galáxia 3 – Luta no corredor
2023, definitivamente, não foi o ano da Marvel. E mesmo com o sucesso de Guardiões da Galáxia 3, talvez esse tenha sido o pior, seja de público ou de crítica. Quantumania, The Marvels, Invasão Secreta... nada animou o público que até pouco tempo sempre foi fiel. Essa fidelidade talvez esteja mudando de lado com James Gunn assumindo a DC nos cinemas e levando com ele uma credibilidade gigante. Não é para menos. Mesmo no meio da máquina Disney/Marvel, Gunn consegue entregar algo único dentro do MCU. Emocional, empolgante, esquisito... Guardiões 3 bebe muito da fonte do primeiro filme, mas mostra um amadurecimento maior do autor. E não dá para negar: essa cena de luta é CINEMA purinho!
Creed 3 – Montagem Rounds
Michael B. Jordan assumiu as rédeas de Creed 3 e trouxe toda a sua paixão por animes, especialmente Dragon Ball, para essa segunda série de filmes, que começou com Rocky Balboa treinando o filme de Apollo Creed, mas que hoje caminha com as próprias pernas. Jordan não esconde suas influências, seja nos socos em câmera lenta e nos olhares dos lutadores durante os movimentos. Mas é na clássica montagem dos rounds entre o início da luta final e os últimos assaltos que essa paixão do diretor brilha. Ele utiliza esse trecho entrar na mente de Adonis e Damian, até que os dois são separados pelo marcante soco duplo da série Rocky.
Super Mario Bros. – Rainbow Road
Fenômeno de público em 2023, a animação que leva Mario e Luigi para os cinemas arrastou multidões por onde passou. Não parecia um trabalho difícil já que o videogame é amado por milhões de pessoas. Entretanto, Super Mario Bros. furou a bolha gamer e se tornou a opção para famílias inteiras voltarem para as salas de cinema. E nisso ele é perfeito. História simples, 90 minutos de duração, personagens carismáticos e momentos que empolgam tanto os pequenos quanto os adultos. E nenhum deles é tão legal de se ver numa tela gigante quanto a Rainbow Road.
Velozes e Furiosos 10 – Toretto salva o Vaticano
Poucos filmes são tão amados e odiados quanto Velozes e Furiosos. Eu, como muitos sabem, amo, mesmo sabendo que as vezes a preguiça impera. O novo e (talvez) penúltimo filme da Saga da Família Toretto até pode ser visto dessa forma, mas a adição de Jason Momoa como Dante e a abordagem Hot Wheels + Coyote e Papa Léguas torna essa décima (!!!) aventura divertidíssima. E o filme ainda abriu um filão do ano: cenas de ação em Roma, que, acho, nunca foi tão utilizada em outro ano.
Ferrari – Mille Miglia
Longe dos cinemas desde 2015, Michael Mann retornou no finalzinho de 2023 com este recorte da vida de Enzo Ferrari e uma história que fala sobre masculinidade e como ela é tóxica para diversos tipos de relacionamentos. Adam Driver afia o sotaque italiano e dá vida ao criador da escuderia mais famosa do mundo. Os embates entre Enzo e Laura Ferrari (Penelope Cruz incrível) são o ponto alto do filme e é na recriação da Mille Miglia que Mann mostra todo seu apuro técnico e narrativo quando uma tragédia acontece.
A Sociedade da Neve – Queda do Avião
J.A. Bayona é um diretor, no mínimo, interessante. Ele foi o único que criou algo realmente novo e interessante na série Jurassic World. Fez um dos filmes mais bonitos e tristes dos últimos anos com Sete Minutos depois da Meia Noite. Fez o ótimo terror O Orfanato e agora revisitou os filmes-tragédia de O Impossível com a história do time de rúgbi uruguaio que caiu nos Andes e teve que fazer de tudo para sobreviver. Bayona vai da claustrofobia do avião ao isolamento da imensidão da cordilheira da forma mais classuda possível. Um filme de qualidades técnicas perfeitas que nunca perde a mão da narrativa desse milagre, que parece mais ficcional que muito filme de fantasia.
Saltburn – Oliver e a banheira
Saltburn foi um fenômeno no Prime Video e nas redes sociais. É engraçado que a maior motivação para isso seja o lado erótico-sensual do filme. Parece até que o pessoal que vive na internet não consegue acessar conteúdos assim com a maior facilidade do mundo. Enfim... o momento que viralizou e se tornou papo entre amigos é a já clássica lambida de Barry Keoghan no fundo da banheira e no ralo, depois que o personagem de Jacob Elordi a utiliza para saciar seus desejos. Mais do que simplesmente um clickbait, a cena é um retrato da mente de Oliver e do comportamento dele naquele meio. Saltburn é um filme divisivo e só isso já o torna digno da assistida. Mas, ele ser divertido também ajuda bastante.
Retratos Fantasmas – Kleber no Uber
Eu escrevi sobre Retratos Fantasmas aqui na Gazeta. Falei sobre a felicidade de poder assistir ao filme e a coincidência que foi chegar ao Brasil com a estreia dele na Netflix. Entre diversos momentos fantásticos, seja de narração do próprio Kleber contando suas histórias, seja de imagens icônicas dos cinemas ou do dirigível nazista voando sobre Recife, nenhuma me marcou mais do que a conversa entre o próprio diretor e um motorista de Uber no final. Sem querer estragar aqui a grande graça da cena, é um momento que amarra os assuntos do filme e que nos deixa com aquela pulga atrás da orelha sobre o real ou não.
Fale Comigo – Riley possuído
Sem dúvida, o terror que mais deu o que falar em 2023 foi Fale Comigo. Distribuído pela A24, dirigido pelos irmãos Danny e Michael Philippou, criadores do canal RackaRacka, o filme mostra um grupo de jovens que se envolve com um ritual de conexão com os mortos através de uma mão de cerâmica. A dupla injeta frescor e inventividade na linguagem desse conto macabro sem nunca perder a mão na violência necessária. E nenhuma cena é mais impactante do que a primeira possessão do (mais) jovem Riley.
O Assassino – A Luta na Casa
David Fincher me surpreendeu com O Assassino. O que eu menos esperava desse filme era uma história sobre rotina, propósito e, principalmente, trazer o arquétipo do assassino solitário para um contexto que fala sobre ansiedade, estresse e trabalho. Todas as marcas de Fincher estão lá, seja na ambientação ou na qualidade técnica. O monólogo gigante que abre o filme e permeia quase todo primeiro ato fica melhor ainda com a atuação excelente de Michael Fassbender e a clara homenagem do diretor ao clássico Janela Indiscreta. Mas nada surpreende mais do que a incrível cena de luta entre o protagonista e um de seus “trabalhos”.
Pobres Criaturas – Bella Baxter dançando
Seria possível fazer uma lista só de melhores momentos de Pobres Criaturas. O novo filme de Yorgos Lanthimos é daqueles de ficar de boquiaberto por mais de duas horas. Emma Stone está, talvez, em seu melhor trabalho e deve fazer a limpa em todos os prêmios que passar. Sua personagem, Bella Baxter, é um deleite. Narrativamente, a estranheza de Bella é ao mesmo tempo curiosa, triste e empolgante. Uma mistura que parece tão complicada, nas mãos do diretor e de Stone, se torna um marco na carreira de ambos.
John Wick 4 – Dragon’s Breath
Mais um filme que merecia uma lista própria. John Wick 4 é o grande filme de ação de 2024. O trabalho de Chad Stahelski é tão incrível que fica difícil escolher apenas um. Se você perguntar para 10 pessoas, a única certeza é a de que não haverá unanimidade. A escadaria, o Arco do Triunfo, a luta na boate, o duelo final, a gigantesca cena de ação no Japão... são tantas opções e cada uma melhor que a outra, que tive que escolher aquela que vi o público (mais) aplaudindo e suspirando alto na sessão lotada que fui.
Missão Impossível: Acerto de Contas – Parte 1 – Aeroporto de Abu Dhabi
2023 foi um ano muito bom para o cinema de ação e a volta de Ethan Hunt é mais um exemplo. Tom Cruise saiu de um 2022 incrível com Top Gun: Maverick e chegou em 2023 com altas expectativas. Comercialmente, o embate com Barbenheimer pode ter sido prejudicial, mas em termos de qualidade técnica e narrativa, Acerto de Contas é um dos melhores capítulos da série Missão Impossível. As cenas em Veneza e do trem já ficaram marcadas, mas é a perseguição no aeroporto de Abu Dhabi que mostra como a química entre Cruise e o resto do elenco casa perfeitamente com o roteiro e a direção de Christopher McQuarrie. Uma aula de roteiro de ação.
Godzilla Minus One – Destruição de Ginza
Esqueça (por enquanto) o Monsterverse americano. A grande obra sobre Godzilla nos últimos anos é Minus One. Uma das maiores surpresas do ano, o filme coloca o monstro no Japão pós-guerra e deixa claro todos os seus significados e metáforas. Minus One é divertido, emocionante e tem momentos de cair o queixo. O maior deles é o ataque do monstro contra a cidade de Ginza. Prédios, trens e casas, nada fica no caminho da destruição, que culmina com um sopro atômico de gelar a espinha.
Anatomia de uma Queda – Pobre Snoop
Justine Triet ficou p... da vida quando Anatomia de uma Queda não foi escolhido pela França para representar o país no Oscar. A revolta da diretora talvez ganhe um plot twist com a crescente tração que o filme ganhou nessa época de premiações, podendo figurar nas categorias principais. O drama-mistério de tribunal é sim um dos grandes filmes do ano e merece todo o reconhecimento possível, seja na direção, no afiadíssimo roteiro ou na incrível atuação de Sandra Hüller. Um dos momentos mais incríveis do filme conta com a principal testemunha do crime, o filho da protagonista, um jovem cego, e um experimento que ele faz com o cachorro da família. Fantástico.
Homem-Aranha: Através do Aranhverso – O Encontro com Pav Prabhakar
O que parecia impossível aconteceu. Através do Aranhaverso conseguiu ser tão bom ou até melhor que o já incrível Homem-Aranha no Aranhaverso. Toda a escala aumenta. Do número de personagens e cenários, ao tamanho da ameaça e o peso das escolhas de Miles e Gwen. O Aranha Punk já é icônico. Miguel O’Hara é um dos grandes personagens de todos os filmes do herói. E o momento que escolhi é um dos pontos mais importantes da trama e que junta todos esses elementos que fazem de Aranhaverso 2 uma obra-prima visual: o encontro com Pavitr Prabhakar, o Homem-Aranha indiano.
Assassinos da Lua das Flores – O Olho dos Osage
Poucos são os diretores que, atualmente, tem o poder de juntar uma produção de escala tão grande, um elenco com nomes icônicos e ainda ganhar distribuição ampla e lançamento alardeado em streaming. Martin Scorsese já havia feito isso (com menos distribuição) para a Netflix em O Irlandês e repete a formula com Assassinos da Lua das Flores, agora para a AppleTV+. A história sobre o massacre do povo Osage ganha todo o tempo possível na mão do diretor e as mais de três horas de duração do filme. Uma história dolorida, que vai consumindo o nosso pensamento a cada nova morte e pela banalização dos crimes cometidos. Ao final, Scorsese coloca o rosto na tela para deixar claro que ele não seria a pessoa que deveria estar contando essa história, mas alguém deveria fazer. O diretor encerra o filme com uma cerimônia em que os Osage formam um grande olho que nos encara fixamente. A maestria do diretor está em usar uma de suas técnicas mais populares, o Olho de Deus, para fazer essa quebra da quarta parede entre os Osage e nós espectadores.
Oppenheimer – Experiência Trinity
Aceitem: Christopher Nolan ganhará seu primeiro Oscar de melhor direção com Oppenheimer. Se der mole, ele ainda leva o de roteiro e de melhor filme. E não seria uma grande surpresa. Oppenheimer é considerado por muitos o melhor filme de Nolan, superando até sua obra-prima do cinema de heróis, O Cavaleiro das Trevas. Acho que o filme é sim um dos grandes trabalhos do diretor e aquele que mostra que Nolan atingiu a maturidade em relação ao que quer mostrar em suas obras. Nolan é, assim como falei de Scorsese anteriormente, um dos pouquíssimos diretores que conseguem milhões e milhões de dólares para contar a história original que ele quiser. A grande “franquia” é o nome dele e Oppenheimer prova isso. É ele que arrasta multidões e que (junto com o fenômeno Barbie) criou o maior evento do cinema desde Vingadores Ultimato. O grande momento da explosão do Projeto Trinity é a cereja do bolo.
Barbie – I’m Just Ken
Um mar cor de rosa cobriu as salas de cinema, shoppings, ruas, festas e lojas em 2023. Barbie, dirigido por Greta Gerwig e estrelado por Margot Robbie foi e continua sendo um fenômeno cultural. E o Ken, ele não é apenas Ken. Ele também faz parte disso.